Vitimismo

02/09/2020

Por que é ruim estar no papel de vítima?

Todos já nos sentimos alguma vez vitimados em alguma circunstância.

O sentimento é de injustiça e por isso mesmo temos a tendência de permanecer nesse lugar de espera de que alguma solução seja coerente com o sentimento.

E realmente, muitas vezes estamos atravessando de fato por uma situação de injustiça.

Porém, supondo que temos razão, esse fato não faz com que a solução seja alcançada com o desfecho que a gente gostaria e nosso sentimento resolvido. Isso remete a velha frase: o mundo não é justo.

A tendência é então ficarmos remoendo o sofrimento e a raiva, estancadas na dor e assim seguirmos. Essa postura passiva é a postura de vítima.

A vítima procura apoio na sua dor, busca plateia para lhe dar razão, mas nada faz para sair disso.

É uma busca passiva por apoiadores que justifiquem seu sentir ( e até vai encontrar várias pessoas comovidas pela dor) porém nenhuma solução.

Ela caminha com a dor. Vive com a dor. Quase como se levasse a dor a tiracolo em todos os compromissos. Passivamente convive com um destino de sofrer.

E é justamente por isso que é ruim ser vítima: é uma postura passiva diante do mundo.

É aceitar o que acontece como uma sentença de quem se deve ser ou do que se deve sofrer. É estar passivo ao viver.

Ao aceitar a condição de vítima perdemos toda nossa capacidade de reinvenção e solução. Perdemos nosso potencial de elaborar e resolver sentimentos e ficamos à mercê das ações do outro em nossa vida.

Perdemos a nós mesmos.

Sartre nos dizia: Não importa o que fizeram de mim, o que importa é o que eu faço com o que fizeram de mim.

E é justamente isso que faz a diferença: tomar as rédeas do destino e se elaborar diante do sofrer. Resolver a mágoa para que ela não seja um referencial de forma de estar no mundo. Criar outras soluções e novos caminhos. Isso só acontece quando estamos na posição de atividade. Na posição de donos do nosso destino e escritores de nossa história.

Enquanto ser vítima é se tornar escravo do outro e da mágoa, ser livre é assumir o caminho e a história de vida de forma ativa a construir o futuro.