Sobre motivação e determinação
Todas nossas vivências nos ensinam muito sobre quem somos e sobre quem queremos ser.
Ao traçar uma meta ou desejar um objetivo nos deparamos com um esforço além do que estamos habituados a fazer na rotina normal.
Muitas pessoas ficam à espera de uma motivação para aí então começarem a fazer as ações para a conquista do objetivo. Só que essa motivação não vem. Até chegam a falar que precisam que alguém as motive ou reclamam por que querem realizar tal coisa mas a motivação não vem.
A motivação não vai vir mesmo não. A motivação não é algo que está fora de nós e alguém pode simplesmente implantar na gente e problema resolvido. Não funciona assim. De fato, as pessoas podem nos inspirar na busca interna pela construção dos desejos. Podem nos influenciar na forma que elas encontraram os seus caminhos e isso é maravilhoso. Mas não podem desejar por nós, determinar ou se motivar para nós. Esse caminho é individual e único.
Essa inspiração que o outro pode trazer será um empurrão na descoberta do potencial interno. Mas esse caminho é traçado de forma solitária e paulatinamente construído. Nesse momento entra a palavra chave: determinação. A determinação é o diferencial que nos traz sucesso.
A motivação traz a ideia de uma mágica que chega e faz com que coisas chatas fiquem legais e prazeirosas, com que os esforços sejam sentidos com facilidade e nunca exista tempo ruim. É uma construção idealizada de facilidade que não corresponde ao real. Aí a pessoa começa um objetivo motivada por essa ideia prazeirosa e quando a empolgação da novidade acaba, ela não entende o que há de errado, não entende porque dá vontade de parar. Ela para e espera que a motivação surja magicamente e transforme o trabalho suado em algo glamuroso. Essa ideia errada acaba fazendo com que não exista continuidade no objetivo traçado.
Precisamos sair dessa fantasia de facilidade e entender qual é a nossa força: chama-se determinação. Na hora que entendemos que não iremos mudar o chato, mudar o caminho árduo para chegar em um sonho e que isso não é possível mudar, sentimos uma espécie de alívio. Sim, alívio. Porque percebemos que não existe nada de errado conosco, que todo mundo sente essa dificuldade no esforço e que o desânimo faz parte do caminho. Podemos dar uma solução: mesmo com desânimo e sem vontade de fazer o que deve ser feito, podemos nos determinar a fazer. A cada vez que vencemos o sentimento ruim e cumprimos a parte chata que precisamos para alcançar nosso objetivo, nos sentimos produtivos e vemos nossa força de vontade vencer.
A força de vontade fica cada vez mais forte a medida que vencemos os esforços e aí sim, chega a motivação como resultado do caminho percorrido e combustível para o restante da caminhada. E vira um círculo que se alimenta: determinação para vencer o ruim ( esforço), força de vontade na ação, felicidade na realização, motivação para continuar, chegando de novo na determinação para vencer o esforço.
Conta a mitologia que Zeus se apaixonou por Io, que era uma jovem princesa e sacerdotisa de Hera, sua esposa. Como Hera era muito ciumenta, Zeus, na tentativa de dribla-la transformou Io em uma ovelha branca. Hera, desconfiada do carinho de Zeus pela ovelha a toma para si. Logo coloca ela sob proteção do gigante Argos Panoptes que tinha cem olhos e nunca dormia. Zeus pede a Hermes que a liberte. Ele consegue adormecer o gigante e assim ela foge. Hera, como punição, pega os olhos do gigante e os coloca na cauda do pavão, animal dedicado a ela. Hera então começa a persegui-lo. Mas Io não desiste. Sonha em voltar a ser humana, mesmo contra todas as probabilidades.
Io inicia então uma longa caminhada buscando por Prometeu, o único que desafiaria Zeus e ajudaria uma humana. Percorreu muitos quilômetros de Micenas até a Trácia, caminhando por todas as praias do que ficou conhecido como Mar Iônico. Não o encontrou. Cansada, seguiu seu caminho para o Norte pois ouvira sobre seu paradeiro no Monte Cáucaso. Prometeu estava acorrentado em uma rocha, era o castigo por ter roubado o fogo dos deuses e ter dado ele aos homens. Ele profetizou que Io voltaria a sua forma humana quando chegasse ao Egito e ali tivesse um filho. Io estava cansada. Era muito longe. Mas seu desejo era tão grande que assim continuou.
Caminhou por meses e meses. Chegando às margens do Nilo teve seu filho Épafo e retornou a forma humana. Achou que teria paz. Algum tempo depois, já vivendo no Egito, Hera tenta roubar-lhe o filho mas Io agora havia se transformado em Isis ao casar-se com Telégono ( rei do Egito). Havia se tornado forte pela sua determinação e conseguiu proteger o filho. Escolheu deixar em sua coroa dois pequenos chifres para lembrar-lhe sempre de onde veio e até onde chegou com a força da sua determinação.