Sobre auto perdão e produtividade
Sobre o auto perdão e a produtividade
Para falar de auto perdão e produtividade precisamos entender sobre expectativas. Expectativas que criam a respeito de nós e que criam para as nossas atitudes e também as expectativas que nós criamos para nós mesmos.
A cobrança interna pode ser útil para nos organizarmos em nossas tarefas e para nos movimentarmos na vida.Pode ser uma forma construtiva de distribuir as atividades e de realizá-las na medida do possível. O problema chega quando a cobrança interna passa de uma organização e chega a uma super cobrança de resultados irreais . Se transforma em desejo de perfeição. Mitologicamente o ser humano define como modelo de perfeição a figura de Deus e a figura do homem como ser em evolução. Sempre dizemos " Deus em sua perfeição fez isso, aquilo, etc".
Nosso desejo de perfeição se torna massacrante pelo fato de não aceitarmos nossa humanidade, nosso limite, nossos erros e as coisas que ainda não damos conta de lidar. Não somos deuses! Somos humanos com um longo caminho a construir. E precisamos nos perdoar por isso.
O auto perdão é quando aceitamos a limitação e os erros, a parte que ainda não damos conta em nós mesmos e fazemos as pazes com ela. É quando aceitamos a nossa humanidade, ao invés de buscar ser divindade. Afinal, essa busca é impossível. Ao invés disso, devemos entrar em contato com nossos erros e nosso lado sombra, conhecendo nossos limites, nossos defeitos e tomando consciência deles, pois só a partir da consciência é que existe a mudança.
Se entramos na ideia de que temos que dar conta de tudo, produzir tudo, atender a todas expectativas dos outros entramos na exigência da perfeição. Por que não podemos ter dias em que estamos cansados? Por que não podemos ter dias mais reflexivos? Esses dias são fundamentais para nos darmos conta de nossos limites e nos abraçarmos, aceitando nossa humanidade. São os momentos para refletir sobre os limites e sobre as mudanças necessárias.
Se vivemos em uma correria onde não se respira e não se questiona, corremos o sério risco de passar pela vida atendendo às expectativas e não apreciando um por do sol, um sorriso do filho, um passeio sem compromisso de horário, apenas estando ali naquele momento.
Agora na quarentena criou-se uma expectativa de produtividade onde parece ser necessário estar conectado o tempo todo, sair com habilidades novas, fazer exercícios, arrumar a casa, comida, trabalho. De novo caímos no mesmo ponto: expectativas. É hora de se perguntar: o que eu preciso fazer e o que eu quero fazer. O que é preciso é o real, a cobrança necessária. O que eu quero é a minha escolha nesse momento e não cabe julgamento de terceiros. É algo da minha autoridade e diz respeito a mim apenas: são meus sentimentos, meus fantasmas e meus triunfos. Precisamos nos apoderar da nossa luz e da nossa sombra para assim caminharmos rumo ao equilíbrio e ao afeto com nós mesmos.