Sobre a insegurança

26/05/2020

Sobre a Insegurança

Vivemos com a certeza de que é preciso segurar o que temos, segurar as pessoas e segurar as situações. Parece que estar seguro seria a opção mais óbvia de felicidade e o caminho para a serenidade. Porém quanto mais queremos segurança, mas infelizes somos. Imagine que a Terra é um planeta com o núcleo líquido e se move o tempo todo. A nossa origem é nesse movimento, somos seres que vivemos na superfície, em cima desse núcleo pulsante de vida. Temos ciclos na natureza que nos mostram o tempo todo como a vida é: movimento. E ainda assim insistimos em querer segurar tudo. Nosso desejo é de que tudo permaneça, tenha estabilidade e de que possamos ter controle do futuro. E quanto mais desejamos isso, mais inseguros ficamos e nos deparamos com a verdade de que é impossível controlar o mundo e controlar o futuro. A natureza da condição humana é insegura.

E o que seria a insegurança? A insegurança é quando eu tomo consciência da minha vulnerabilidade diante da vida e de que não tenho como saber e garantir o que terei ou não terei no futuro. É a dor desse não saber.

O ponto chave do sentimento de insegurança é que a raiz dele está no apego, no desejo possessivo diante da vida: das coisas e das pessoas. Quanto mais eu crio posses, mais inseguro eu serei. E a minha única saída diante disso é o desapego.

O desapego é a consciência de que tudo é transitório e de que não somos donos das pessoas e muito menos de seus desejos. Temos as coisas na vida para podermos usufruir delas e não permanecer nelas. Temos as relações na vida para usufruirmos de momentos e de companhias e não para possuirmos as pessoas, é desejo delas estarem ou não conosco.

O desapego não é a indiferença, mas sim a expressão do amor ao próximo na medida do respeito à sua liberdade de querer estar.

O desapego é eu entender que posso ter as coisas, mas que elas são transitórias e podem esvaírem- se a qualquer momento.

Na insegurança eu enxergo o futuro com medo. O medo do que não conheço, do que não controlo e não sei. Medo do que eu terei ou não terei lá na frente. O maior desejo do inseguro é adivinhar o futuro e ter certeza do que acontece lá.

No desapego eu estou aqui no presente. Eu tenho a consciência de que é impossível controlar o que não depende de mim, é impossível controlar o futuro, logo me resta usufruir o que tenho agora, viver minhas relações no agora e cultivar meus jardins hoje.

Desapegar é fazer as pazes com a vida e aceitar seu fluxo da melhor forma: vivendo.

O mestre estava sorrindo olhando para o nada com uma bolsa a seu lado e o monge pergunta:

Mestre, por que sorri?

E o mestre pegando a bolsa diz:

Eu descobri o segredo das bananas. E tira três bananas da sua bolsa.

Esta aqui está estragada, passou seu tempo, não serve de alimento e faz mal.

Já esta aqui está verde, ainda não é seu tempo, se comer também fará mal.

Em seguida ele pega a terceira banana que está madura : esta sim está madura, seu tempo é agora. Essa não fará mal.

Viver no passado fará mal,

Viver no futuro fará mal.

E o presente é o tempo para desfrutar!