Sobre a adversidade
Somos surpreendidos por algo grandioso que acontece agora no mundo. Uma pandemia!
Quem imaginou viver uma situação onde o abraço pode ser um risco?! Onde estar rodeado de pessoas virou um problema e a solução é isolar-se em casa.
Algo impensável até então.
Queremos achar um raciocínio que explique como isso aconteceu, achar um culpado. Buscamos explicações.
Diante do inesperado, do desconhecido nosso medo quer explicações. Mas elas nada resolvem. Não adiantam. Precisamos entrar no esforço de compreender nossa situação de humanidade. Somos seres frágeis, não temos controle das leis do universo.
Nossas dores emocionais tem como base essa verdade simples: nossa humanidade, porém somos arrogantes com desejo de ser Deus!
Vivemos em uma fantasia onipotente de sermos donos do mundo.
Às vezes buscamos a ciência e a religião na esperança dessa comprovação. E a verdadeira ciência e religião nos colocarão diante dos nossos limites, nos ensinando a humildade de aceitar que somos seres em evolução. Nos ensinarão o transitório.
Tudo na vida é transitório. Casa, carro, dinheiro, etc. Tanto os bens materiais quanto as nossas relações são emprestadas a nós. Não temos posse de nada.
Essa constatação do real nos ensina muito. Ao invés de pensarmos nisso com tristeza, podemos aprender sobre o valor do momento. Sobre desfrutar e viver o agora. A vida é a travessia e não a chegada.
A partir da consciência da possibilidade da perda, ao invés de paralisar na tristeza
e na angústia posso entrar na energia da intensidade e da inteireza. Estar inteiro para viver meus momentos no presente, para cuidar dos meus afetos no presente, para aproveitar momentos e criar encontros afetivos com os que amo.
Posso viver o que está disponível para mim, estando presente nas minhas relações.
Já que vamos morrer, que vivamos desfrutando de cada momento da nossa transitoriedade!