Perdão

26/10/2020

Perdão

Perdão é um processo e uma escolha.

Perdão significa fazer um pacto com a vida e entregar a Deus aquele sentimento de dor e mágoa. Dar aDeus.

O processo inicia quando se entende para que serve o perdoar. Perdoar significa sair daquilo que me vincula à dor. Seja da pessoa que me magoou ou de mim mesmo e não deixar que isso controle mais minha paz interna.

É um processo de libertação ao qual eu sou o maior beneficiado por tirar o peso da dor de mim. É um processo muito mais interno do que externo. O perdão é uma escolha de vida, ao invés de escolher o remorso ou mágoa.

Existem duas formas de perdão: o perdão ao outro e o auto perdão.

O perdão ao outro consiste em um movimento interno ao qual independe o pedido de perdão propriamente dito do outro, é um processo de libertação da dor que o outro causou e assim de conquista da paz. É quando eu decido fazer algo diante do que fizeram a mim, citando Jean Paul Sartre e não em estar conformado na dor. É quando decido pelo desapego do ruim para dar espaço ao por vir.

Uma atitude que pode ajudar a libertar é questionar o contexto da pessoa que eu desejo perdoar. Procurar enxergar qual seu nível de consciência de mundo, sua capacidade emocional e suas questões na vida, procurando fazer isso no sentido de entender e não de justificar.

Um fato importante também é que quando eu perdoo eu me coloco acima daquela situação em uma postura de superação, onde aquilo já não mais me referencia.

Trabalhar o perdão no outro é também trabalhar o processo de perdão em mim mesmo. Muitos dos nossos traumas são causados pelo sentimento de culpa que carregamos quando não trabalhamos e entendemos o auto perdão.

Viktor Frankl conta sobre a tríade trágica da existência. Nesse conceito ele diz que todos passaremos por três momentos na vida: a experiência de algum sofrimento, a culpa e a perda.

A culpa existirá pelo fato de não sermos perfeitos. Todo ser humano erra e precisamos nos perdoar por isso. É da natureza humana o errar. Frankl fala justamente isso: todos sentiremos culpa justamente por sermos falíveis, por errarmos.

E então precisamos relativizar e contextualizar o erro. Se existe algo no passado que foi um erro, podemos pensar no contexto que nos levou a aquilo e ao tomar consciência disso, podemos mudar nossa resposta diante do fato. Evoluir, aprender. É preciso lembrar que sempre estamos mudando, aprendendo, desenvolvendo e evoluindo. Talvez nem sejamos mais a mesma pessoa do passado. Certos valores que antes eram enormes, com o passar do tempo podem nem mais ter o mesmo sentido. Existem novas versões de nós mesmos que não devem carregar a culpa da ação de uma versão anterior. Devemos usar a culpa como uma oportunidade de aprendizado e desenvolvimento, porém não ficar estancado nela. Parado. Como a história da estátua de sal.

Foi dito a Ló que haveria a destruição das cidades de Sodoma e Gomorra. Ele deveria pegar sua família e sair de lá, mas não deveria olhar para trás.

Assim foi feito. Porém a mulher de Ló, no caminho não consegue seguir e olhando para trás, se transforma em uma estátua de sal.

Se ficarmos olhando para trás nos transformamos em estátua de sal e deixamos de viver um futuro que podemos construir. Enxergar as possibilidades só é possível olhando para frente!