Julgamento

02/07/2020


Muitas vezes nos deparamos com um receio de como as pessoas irão enxergar nossas ações e quem somos no mundo. O sentimento é de que seremos julgados pela forma que agimos e pensamos, como se houvesse um tribunal onde as pessoas do convívio nos dissessem de nossas condutas ou valores. A clássica cena do imperador romano que vai decidir se o gladiador vive ou morre com o movimento do polegar.

Temos que refletir se também fazemos parte desse julgamento em relação ao outro.

As pessoas que se sentem julgadas tendem a julgar também. Seria como se houvesse um tribunal invisível onde ela julga o outro em sua ação, roupa, cabelo, pensamento, fala e atitude. A pessoa faz isso buscando um lugar de absolvição por ser quem é e o outro seria o errado da história.

O tribunal invisível funciona como uma ideia de confirmação de suas boas ações e reforça sua conduta, enquanto para o outro que ela julga mentalmente funciona como uma constatação do erro.

Assim seguimos presos em nossos juízes internos nos preocupando em como somos vistos e muitas vezes deixando de viver para supostamente agradar o social. Digo supostamente pois esse lugar de julgamento é uma percepção interna nossa. É um ideal narcisístico que criamos para sermos aceitos em nosso desejo de perfeição.

A ideia de perfeccionismo cria a necessidade do tribunal interno como um endossamento das ações e como uma forma de comparação onde devo ser melhor do que aquele que estou julgando.

É preciso quebrar a auto exigência de perfeição e seguir com a liberdade de poder se comparar consigo mesmo. Se comparar com a versão de ontem e buscar melhorar o que é possível no agora.

Só existe um caminho a seguir e é para frente. A partir do momento que consigo entender que consigo criar hoje as maiores oportunidades para me melhorar e construir meus sonhos, entendo que perfeição é um delírio e saio da exigência de ter que dar conta de tudo e entro na construção do que é possível de fazer.