Como anda a nossa paz?

Como anda a nossa paz?

A paz é um sentimento de bem estar no mundo em relação as pessoas como também em relação ao nosso propósito de viver.

Nas relações interpessoais, por muitas vezes a fala do outro chega até nós de uma forma ressoante, com ecos além do que deveria. É importante pensarmos nesse processo pois, na verdade, o que o outro diz, diz respeito a ele. Porém o que escutamos, diz respeito a nós. Se a outra pessoa fala algo que dói, a dor está dentro de nós.

Nossa tarefa é assumir a responsabilidade por ela e entender de onde que ela vem e o que nós podemos fazer para ela poder ser elaborada, para ela poder ser ressignificada.

É necessário também entender que o outro na verdade não tem poder sobre nós. Nós é que damos a ele esse poder. Se o outro está tirando a nossa paz, temos que ver qual que é a nossa parte nesse processo de permissão.

Ao assumirmos como interno o que ressoa, começamos a vislumbrar uma luz a partir dos movimentos que criamos para a solução desse ressoar. Esse é o caminho da paz. É a possibilidade da frase do outro ser apenas uma frase e não uma dor.

Quando conhecemos a nós mesmos, nossos medos, inseguranças e nosso lado sombra , se torna mais fácil percebê-lo nas ações do mundo e assim, enfrentá-los. Já quando não os conhecemos, acabamos criando outras formas diante do que o outro nos diz, de cairmos nessas carapuças. Como aquela famosa expressão; "a carapuça serviu". Se ela realmente serviu, é porque tem alguma coisa nossa que é necessária a elaboração.

Outro ponto da paz é a relação com o mundo.

A forma de estar no mundo tem muito a ver com a forma de reagir diante dele. O processo de "vir a ser" enquanto ser humano, de realizar-se enquanto objetivo de vida, tem a ver com a reação aos impulsos, aos acontecimentos, aos sentimentos para então, a pessoa se tornar parte de um todo. O que a vida traz enquanto objetivos e tarefas, ao reagir da melhor forma possível, se torna viável o encontro de algum sentido e assim acontece o processo de auto-realização.

A partir de dizer sim para as demandas que a vida apresenta, se torna possível o entendimento na intimidade do sentido no todo: doar- se a esse mundo que nos circunda. Porque quando eu me dôo para o mundo, eu começo a fazer parte dele, eu tenho um sentido em estar nele. E são vários sentidos que estão aí; que a vida nos traz. E por tudo isso, o "efeito colateral", vamos dizer assim, é a felicidade.

A paz interna é uma responsabilidade de cada um de nós. Trabalhar a solução das questões é o caminho responsável para a liberdade. Só assim as "roupas velhas", as coisas que muitas vezes trazemos , como se fossem uma mala que carregamos de um lado para o outro perdem o sentido de existir, nos deixando de mãos livres para o porvir!