Perfeccionismo
O perfeccionismo é uma exigência delirante que criamos para nós mesmos.
Muitas vezes o perfeccionismo se apresenta como uma exigência de produtividade e excelência. Mas também pode ter uma outra vertente: a pessoa se exige tanto que desiste de tentar algo por achar que não será capaz de executar aquilo de forma perfeita. As duas formas são extremante desgastantes e trazem dano emocional.
Na visão perfeccionista, partimos da necessidade de alcançarmos uma figura idealizada em nós, por nós mesmos, que tem as melhores respostas dentro de um padrão construído socialmente que não corresponde à realidade. E pior, somos convidados a projetar essa perfeição como possível através da sociedade e do que recebemos de conteúdo. É como se só na perfeição fôssemos merecedores de amor e aceitação.
Cria-se a ideia do que o outro é e de como não damos conta de ser da mesma forma. A verdade é que o outro não é perfeito, nós que colocamos essa idealização nele e que nós não temos que ser perfeitos. Podemos ser felizes se jogarmos fora essa expectativa inalcançável de perfeição.
Na mitologia não vemos nenhum ser humano perfeito. As figuras perfeitas são sempre divindades justamente por não possuírem a humanidade: a premissa da condição humana é o errar e a solução para isso parte do lugar de unicidade que temos.
Somos únicos no mundo. Não existe e nem existirá ninguém como cada um de nós.
Ao invés disso, quando focamos no desejo de perfeição matamos essa unicidade buscando um padrão vendido como modelo de bem estar e de felicidade.
Matamos nossa chave de acesso à possibilidade de resolução interna e nos entregamos a um desejo de controle do mundo e de controle dos resultados das ações, para que elas se encaixem no que estamos padronizados. Porém como é impossível controlar a vida e os resultados do seu constante movimento, nos sentimos fracassados diante do inesperado.
Se voltarmos ao ponto da nossa unidade, podemos caminhar para outra forma de enxergar as coisas. Somos um quantum de energia em constante aprendizado. Fazemos parte de um universo com o mesmo princípio de matéria. O pó que está nas estrelas está em nós. Possuímos um sistema complexo corporal que funciona para que possamos viver e além disso, uma identidade única. Não existe ninguém igual. Carregamos dentro de nós uma série de aprendizados diante das situações que vivenciamos e da percepção que desenvolvemos delas. Esse conteúdo gera ideias e caminhos dos mais diversos. Nos torna um constante criar ativo de soluções diante da vida.
A solução para o perfeccionismo é lembrar desse potencial de criar ativamente respostas para os desafios. Nesse sentido, é acionar o que é único internamente para responder ao externo.
A criatividade é a chave para a liberdade de não ter que lutar para um resultado que eu consigo lidar e sim, saber que o que vier eu sou capaz de criar uma solução.
Conseguimos ver várias pessoas ao longo de nossa história que se destacaram por acionarem essa unicidade deixando o delírio de perfeição de lado. Entraram em comunhão com sua criatividade e deixaram sua marca no mundo. Será que precisaram da perfeição para isso?! Certamente não.
O desejo de perfeição mata o potencial interno pois esse nunca será perfeito, porém será sempre único e cheio de apostas criativas e geniais.
Querer a perfeição impede muitas vezes de buscarmos dentro de nós a solução para nossas lutas. A figura idealizada e perfeita impossível de ser alcançada, ofusca nossa criatividade e potencial de solução. Ser único é nossa maior virtude, logo não ser perfeito é o início da solução: Buscar na unicidade a forma de reagir ao mundo!